Crónica dos Verdes Anos

Isto não é bem um livro, embora até possa parecê-lo. Não é mais que uma simples recolha de memórias de infância, sem nenhum critério que não o correr da pena e da memória, sem nenhuma ambição que não a preservação de recordações, banais, sem importância, mas que me são queridas, ainda que possam não interessar a mais ninguém. Foram linhas escritas para mim, como se de um diário se tratasse. Mas se alguém nelas se revir, isso não será simples coincidência, afinal de contas eu não vivi noutro planeta, vivi num tempo e espaço partilhados por muitos, por isso não constituirá surpresa que os caminhos do meu passado se cruzem e sobreponham com os de outrem Mas não tenho a pretensão de retratar uma época ou uma geração, nada mais que eu próprio e as minhas insignificantes vivências. As minhas memórias são verídicas mas não poderiam deixar de ser subjetivas, por isso não são necessariamente verdadeiras, no sentido em que a verdade é sempre deformada por um ponto de vista, pela subjetividade do olhar individual de cada um. .